Calculadora do Método de Gordon
Avalie Ações com Foco em Dividendos e Crescimento
Utilize nossa calculadora do Método de Gordon para avaliar o valor justo de ações com base no modelo de crescimento de dividendos. Esta ferramenta essencial para investidores ajuda a tomar decisões informadas, analisando o potencial de dividendos futuros e o crescimento esperado das empresas.
* Insira os dados de dividendos e crescimento da empresa para calcular o valor justo
Quem foi Myron J. Gordon?
Myron J. Gordon (1920–2010) foi um economista estadunidense e professor de finanças na Universidade de Toronto. Em 1956, em colaboração com Eli Shapiro, desenvolveu o Modelo de Crescimento de Gordon (GGM), também conhecido como Modelo de Desconto de Dividendos de Crescimento Constante. Sua inovação surgiu da necessidade de simplificar a avaliação de ações, focando em dividendos futuros como base para o cálculo do valor intrínseco de empresas estáveis. Gordon revolucionou a análise fundamentalista ao criar um método acessível que ainda hoje é pilar do valuation de ações pagadoras de dividendos.
Como o Modelo de Gordon Funciona?
O GGM calcula o valor intrínseco (fair value) de uma ação projetando o valor presente dos dividendos futuros, assumindo que eles crescerão a uma taxa constante (*g*) indefinidamente. A fórmula central é:
A fórmula do Método de Gordon é: P = \frac{D₁}{r - g}
Variáveis:
- P: Preço justo da ação hoje.
- D₁: Dividendo esperado por ação no próximo ano.
- r: Taxa de retorno exigida pelo investidor (custo do capital próprio).
- g: Taxa de crescimento perpétuo dos dividendos
Passo a Passo para Aplicação:
- Calcule D₁: Use o último dividendo pago (D₀) ajustado pela taxa de crescimento: D₁ = D₀ × (1 + g).
- Defina r: Normalmente derivada do CAPM (Capital Asset Pricing Model), considerando risco do ativo e taxa livre de risco.
- Estime g: Baseada em crescimento histórico de dividendos, ROE (Return on Equity) ou expectativas de lucros
Exemplo Prático:
Suponha uma ação com:
- D₀ = R$ 2,00 (dividendo atual por ação).
- g = 5% ao ano (crescimento esperado).
- r = 10% (retorno mínimo exigido).
D₁ = 2,00 × (1 + 0,05) = R$ 2,10
P = 2,10 / (0,10 – 0,05) = R$ 42,00
Se a ação cotar abaixo de R$ 42,00, está subvalorizada (oportunidade de compra); acima, supervalorizada.
Premissas Fundamentais do Modelo
Para que o GGM seja válido, estas condições devem ser atendidas
- Crescimento Constante: Dividendos crescem a uma taxa g fixa para sempre.
- r > g: A taxa de retorno exigida deve superar a taxa de crescimento (caso contrário, o valor tende ao infinito).
- Perpetuidade: A empresa existe indefinidamente e distribui lucros como dividendos.
- Estabilidade Operacional: Negócio maduro, sem disrupções ou ciclos econômicos violentos.
Vantagens do Modelo de Gordon
- Simplicidade e Praticidade: Requer apenas três variáveis, ideal para análises rápidas
- Foco em Dividendos: Útil para investidores de renda passiva
- Aplicação a Empresas Maduras: Precisão em setores estáveis (ex.: utilities, bens de consumo)
- Versatilidade Inversa: Usado para calcular o custo do capital próprio (r) se P e g forem conhecidos: r = \frac{D_1}{P} + g
Críticas e Limitações
- Crescimento Perpétuo Irrealista: Empresas raramente mantêm g constante décadas a fio
- Sensibilidade a g e r: Pequenas alterações distorcem drasticamente P:
- Se g aumenta 0,5% (de 5% para 5,5%), P sobe 10%.
- Se r cai 0,5% (de 10% para 9,5%), P sobe 23%
- Inviável para Empresas sem Dividendos: Exclui growth stocks (ex.: tech) que reinvestem lucros
- Ignora Riscos Não Financeiros: Crises setoriais, mudanças regulatórias ou inovações disruptivas
Casos de Aplicação Recomendados
O GGM é ideal para empresas maduras com:
- Histórico estável de pagamento de dividendos.
- Baixa volatilidade nos lucros (ex.: Vale, Energias BR).
- Taxa de crescimento alinhada ao PIB (≤ 2–4% ao ano em economias desenvolvidas)
Setores Típicos:
- Utilities (energia, água).
- Bens de Consumo Básico (Unilever, Procter & Gamble).
- Financeiro (bancos estabelecidos como Itaú ou Santander)
Tabela: Adequação do Modelo por Perfil de Empresa
Tipo de Empresa | Adequação ao GGM | Por quê? |
---|---|---|
Blue Chips (ex.: Coca-Cola) | Alta | Dividendos crescentes há décadas, setor estável. |
Growth Stocks (ex.: Tesla) | Baixa | Não pagam dividendos; reinvestem lucros. |
Cíclicas (ex.: construção) | Média | Lucros oscilantes invalidam premissa de g constante. |
Startups | Nula | Sem histórico de dividendos; alto risco operacional. |
Alternativas e Aprimoramentos
- Modelo Multiestágio: Divide o crescimento em fases (ex.: alta + transição + estabilidade) para empresas em desenvolvimento
- CAPM + Gordon: Combina o cálculo de r via CAPM com a projeção de dividendos do GGM para maior precisão
- Modelo H-Model: Assume que g decai linearmente até a perpetuidade, ideal para empresas em desaceleração
Conclusão: Legado e Relevância Atual
O Modelo de Gordon permanece como uma ferramenta fundamental para investidores focados em value investing e geração de renda passiva. Apesar das limitações, sua simplicidade e foco em fluxos de caixa tangíveis (dividendos) garantem utilidade prática – especialmente em períodos de alta volatilidade, onde empresas estáveis se destacam. Para aplicações eficazes, recomenda-se:
- Restringir uso a empresas com histórico robusto de dividendos.
- Sensibilizar g e r com cenários conservador/otimista.
- Combinar com outros métodos (ex.: P/L, EV/EBITDA) para valuation multidimensional
Myron J. Gordon consolidou um legado que transcende décadas: provou que sustentabilidade financeira e previsibilidade são pilares eternos para o investimento racional. Seu modelo é um antídoto contra a especulação – e uma homenagem ao poder dos dividendos compostos
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